Como Montar um Provedor de Internet: Guia Completo para Iniciantes no Brasil
Entenda os passos, equipamentos, licenças, cálculos de banda e precauções para abrir um provedor de acesso à internet

Montar um provedor de internet (ISP - Internet Service Provider) pode ser um excelente negócio, especialmente em regiões carentes de conexão de qualidade. No entanto, exige planejamento técnico, legal e financeiro. Este guia vai mostrar como começar do zero, os tipos de provedores possíveis, equipamentos, licenciamento na Anatel, cálculos de banda e dicas práticas para evitar prejuízos.
1. Tipos de Provedores de Internet
Antes de mais nada, é importante entender os modelos principais:
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ISP via rádio (Wireless): Usa torres e antenas para transmitir o sinal. Boa opção em áreas rurais.
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ISP via fibra óptica: Ideal para zonas urbanas ou de alta demanda. Tem maior capacidade de banda e estabilidade.
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ISP híbrido (fibra + rádio): Combina os dois modelos para cobrir áreas distintas com mais eficiência.
2. Documentação e Licenciamento (Anatel)
Para operar legalmente como provedor de internet no Brasil, é necessário:
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Cadastro no CNPJ com atividade econômica compatível (CNAE 6110-8/03 – Provedor de acesso à internet).
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SCM (Serviço de Comunicação Multimídia): Autorização da Anatel para prestar o serviço.
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Cadastro no NIC.br para uso de IPs e ASN (Sistema Autônomo), se for utilizar roteamento próprio.
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Contratos e termos de uso bem elaborados para clientes.
Dica: Provedores com até 5 mil clientes podem optar pelo modelo de outorga simplificada da Anatel.
3. Equipamentos Necessários (Exemplo básico)
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Link de internet dedicado (link upstream): contratado com operadoras como Vivo, Claro, Algar, etc.
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Servidor de autenticação (Radius + Mikrotik ou PPPoE).
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OLT (para fibra) ou Access Points (para rádio).
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ONU/ONTs para os clientes (fibra) ou antenas CPE (para rádio).
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Switches de rede, caixas de emenda, cabos, nobreaks e racks.
4. Cálculo de Banda Contratada
A banda necessária depende do número de clientes e do perfil de uso. Um cálculo comum é:
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Consumo médio por cliente residencial varia entre 2 Mbps e 4 Mbps.
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Oversell: prática de vender mais banda do que a contratada, confiando que nem todos usarão ao mesmo tempo. Normalmente varia de 1:6 até 1:12.
Exemplo prático:
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300 clientes residenciais
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Consumo médio: 3 Mbps
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Oversell: 1:10
5. Precauções Técnicas e Operacionais
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Energia: sempre tenha nobreaks e geradores para pontos críticos.
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Backbone: planeje a infraestrutura principal com redundância (fibra ou enlaces de rádio dedicados).
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Monitoramento: use ferramentas como Zabbix, The Dude ou UNMS para monitorar tudo.
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Segurança: firewall bem configurado, proteções contra DDoS e controle de banda.
6. Atendimento e Suporte
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Tenha um sistema de atendimento (ex: WhatsApp com chatbot, CRM, tickets).
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Treine técnicos e tenha um bom contrato de SLA (garantia de tempo de resposta).
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Valorize o suporte local: agilidade e presença são diferenciais contra grandes operadoras.
7. Precificação e Rentabilidade
Considere:
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Custo por cliente (equipamento + instalação)
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Custos fixos mensais (link, energia, equipe, manutenção)
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Meta de lucro por cliente (mínimo 30%)
Exemplo: se o custo por cliente for R$ 35, você pode cobrar R$ 79,90, mantendo uma boa margem.
8. Dicas Finais
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Comece pequeno e vá expandindo conforme a demanda.
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Pesquise muito antes de comprar equipamentos, e invista em capacitação técnica.
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Crie parcerias com pequenos comércios locais para divulgar o serviço.
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Evite áreas já saturadas de concorrência, priorize bairros e cidades pequenas.
Montar um provedor é um projeto desafiador, mas totalmente viável com organização e dedicação. Além de gerar lucro, ainda contribui para o desenvolvimento digital da sua região.
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